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20 de outubro de 2012



Nem por todo o dinheiro do mundo
eu trocaria a gargalhada do palhaço no circo mais vagabundo
mequetrefe
a estrofe de rimas fracas do ébrio poeta pobre da esquina, agora tão longe 
a sinergia dos quatro caras falando sobre a vida, sem saber
era bom
qualquer discussão tola sobre a lateral direita da seleção
viver de vento, sem documentos
eu vivo de qualquer rabisco 
enfim, meu negócio não é dinheiro, senhores.
É ser.

6 de agosto de 2012

Notícias de ontem

Atualizações, bipartições, reproduções, sacanagem, fotos, imagens, filmes, livros, história em quadrinhos, religião, cabeçadas na parede, samba que não é da modinha, batuques e despedidas. 

Assuntos ideais, bocejos e falta de perspectiva. Aura pura, frequência e energia boa. Amora, jabuticaba e suco de laranja. Red label, cerveja e vinho. Desespero, nostalgia e saudade.

25 de julho de 2012

"Frii-iour-maindi"

E Jesus me chicoteia enquanto eu rio. Assim termina o sonho, doutor. Acha que eu tenho algum problema? Porque me parece que tudo já foi escrito ou lido ou visto em algum lugar e nenhuma ideia ou esforço me parece natural, nada acontece da maneira que espero. A inspiração flui pelos poros sedenta de nenhuma explicação burocrática. Vamos que vamos, sou todo ouvidos. Criação é vontade, talento e dedicação. Também tenho os meus quadrinhos, fuga solitária para a Zona Negativa ou pro Four Freedons Plaza a qualquer hora. Minha ficção é o meu modo de pensar, tenho Eric Clapton e quando quero um pouco de James Brown, pra bom entendedor meia palavra basta, o resto é resto e a consequência. Quem disse que os padres não fornicam, que os cães não se suicidam e que as plantas em cativeiro no meio da sala não imploram companhia? Acha que estou melhorando? Velhos sonhos mortos, novos amigos e uma rosa que brilha sob a luz de um holofote qualquer, dançando ao som da discotecagem tosca do Valentino no sábado à noite. O que pode permanecer senão as batidas ordinárias que ficam pulsando no meu cerebelo? Eu não consigo distinguir a distância da saudade, coisas sem medida como o tempo e a dor da separação. Enchemos nossos copos e brindamos ao que ainda não conhecíamos, sorrindo calmamente. Enquanto o chão desaparecia, mordidas. Dormindo dentro do carro, pedindo marmita de frango com creme de milho, não comendo a salada. Só vou mostrar uma vez, presta atenção que eu não vou pegar mais. Vem aqui, não vai embora agora não. Ai, meu! Tô quebrada. Eu também. Você leva tudo muito a sério. Vai se foder! Vem logo, tô mandando! A tubaína é um real, só não traz a de limão que eu não gosto. Seu mala. Entrou morcego aqui. Vai você. Tenho que ir trabalhar. Que droga! Abriu? Beijo! Será que isso é muito grave?

Ilsson Siriani

2 de junho de 2012

O homem que virou notícia


Saiu do açougue em um dia normal, como tantos outros o são. Não esperava muito mais da vida do que a sua ração mensal de carne, seu maço de Mill diário e a    sua latinha depois do trabalho, pois também era filho de Deus. Já podia até sentir o bife duro dançando em sua boca, enquanto na TV o banquete era servido na novela das nove. Vinte reais por pouco mais de um quilo de carne vermelha e dura, enrolada em notícias de ontem de um jornal local. Não sabia ler, mas gostava das fotos. Elas encurtavam o longo trajeto percorrido a pé. Havia vendido a bicicleta para pagar a última prestação da geladeira e evitar a negativização do seu nome junto ao serasa. E seguiu caminhando distraído, até o momento em que o embrulho da carne começou a escorrer pelos dedos. Tentando limpar o sangue, levou um susto ao se deparar com uma foto um tanto quanto inusitada no pacote. Uma foto dele no jornal, exatamente no local por onde o sangue nascia. O jornal, a foto, o sangue. Nunca tinha saído foto sua em jornal algum, ou melhor, nunca aconteceu de se interessarem em tirar fotos dele. Absorto pelos acontecimentos, atravessou a avenida Higienópolis sem se importar com o mundo à sua volta, tentando processar a estranha ocorrência. Pensamento que foi interrompido pelo abraço do ônibus 307, que misturou tudo. Sangue e carne, do jornal e dele. Morreu sem saber que aquela era a edição de amanhã.  

Ilsson Siriani

7 de outubro de 2011

Et


O que eu queria que você soubesse, é que há muito me sinto como um extraterrestre abandonado na terra. Diferente, sozinho e longe de casa, falando um idioma que ninguém mais entende. Minha origem é incerta, meu destino eu sempre fiz sozinho. Todas as vezes que tentei fazer de maneira diferente os estragos foram enormes. Nunca tive em quem me espelhar para saber o que é certo neste planeta. Pareço um quebra-cabeças que com peças faltando, nunca vou terminar o desenho. Vivo da forma que eu aprendi e sobrevivi estes anos todos. Tenho algumas defesas que talvez possam lhe assustar, mas esta não é a minha real intenção. Sentimentos conflitantes amalgamam tudo o que já foi bom e ruim em mim e essa é a criatura que você encontra às vezes aqui dentro. Hoje eu fui ódio, rancor, melancolia, medo, fraqueza, vício e miséria, quando tudo o que eu queria era ter uma vida simples e alegre, mas o alien que mora dentro de mim não deixou. Me perdoe.
Ilsson Siriani

22 de setembro de 2011

Na noite mais densa

Força de vontade!
Mas diga a verdade, você acredita sinceramente que algo há de fazer sentido? No que lhe causar, aceite logo que é para irmos a outro ponto mais importante desta conversa. Você saberia se fosse diferente, se a banda ainda tocasse aquele iêiêiê de antigamente na boate do macarrão gostoso aonde nos conhecemos. Tudo é questão de lógica ou de nem saber se vai chegar. O que importa é que o tempo que passa e a gente tendo certeza do que é certo, independente da hipocrisia que se propaga pelo universo, você sabe. É ter que lutar pelo que acreditamos ser o melhor pra nós sem ser o pior pra ninguém. E nós seguimos cuidando e mantendo por perto quem vale a pena, alguns poucos companheiros leais. Sem almas pequenas. Eu sei que não era sobre isso que estávamos conversando, reconheço que sempre tento sair por esse lado lhe enrolando com uma história ou cantando pelado pelo meio da sala, mas o que quero mesmo lhe dizer é que nem sempre vai ser vida de novela das oito e que as notícias de ontem não me agradam mais. Contra os perigos, a oração de São Jorge ou mesmo o lema dos Lanternas Verdes: No dia mais claro. Na noite mais densa, o mal sucumbirá ante a minha presença. Todo aquele que venera o mal haverá de penar quando o poder do Lanterna Verde enfrentar!

4 de agosto de 2011

Por onde andei (pós reforma ortográfica)

Saudações, saudações meia dúzia de leitores assíduos deste blog empoeirado. Devem estar se perguntando, onde ele se meteu, que não atualiza mais essa porra? Pois bem. Eu gostaria de me justificar, pois eu estava viajando, fazendo a divulgação do meu mais novo filme. Que o meu bilhete da loteria esportiva teve catorze acertos e estava gastando a grana. Que o meu filho nasceu. Eu fui recrutado pela Liga da Justiça pra resolver os problemas diplomáticos de uma guerra intergalática entre sayajins e skrulls na Terra 2. Estava tomando aulas de pilotagem, terminando o meu mais novo romance sem final feliz. Estava esquiando em Bariloche. Eu morri, desencarnei, conheci o inferno e vi que ele parece muito com um bar de Londrina. Estive absorto no trabalho. Entrei numa viagem transcendental com alguns vizinhos marroquinos. Fui até Aparecida de joelhos. Marquei o gol na final do campeonato alemão de Blumenau. Montei uma banda de Blues, mas não aguentei a pressão do estrelato. Fui de bicicleta até Cambé. Estive preso, mas não tinham provas e me soltaram. Namorei três mulheres diferentes ao mesmo tempo e todas queriam ter um filho meu. Perdi a minha carteira. Esqueci de avisar. Cantei aquela garota ruiva do meu trabalho. Fiquei doente. Fui à fazenda, plantei algumas mudas, agora devem estar grandes, as sementes devem ter brotado. Olhei as rolinhas nos fios de energia e lembrei do Quintana. Assisti a vários filmes, dormi na metade de outro tanto. Fui bombardeado por raios cósmicos e asas nasceram nas minhas costas. Injetei morfina na veia. Acordei no Vietnã. Ainda bem que Chuck Norris estava do meu lado. Desisti de todos os russos. Densos demais pra quem tem dda. O que vocês queriam? Um tratado explicando metafísicamente por onde eu andei? O que interessa é que voltei. Agora, com licença, vou cagar...