19 de abril de 2008

O amor foi retirado do cardápio



(28 Maio 2007)
O amor foi retirado do cardápio. Porque não vende, camarada. Olha a minha situação: Quando comecei o negócio, acreditava nele uma grande ideia. O produto era de qualidade: paixão, ternura, afeto e todos os sentimentos que temperam para bem a vida do homem. E concorda comigo que o mundo está precisando de amor? O meu primo Ronald, você deve ter ouvido falar, se saiu muito bem com aquela coisa de sanduíche. Achei que iria arrebentar com o meu negócio... 

AMOR, como eu fui besta. Por inocência, consegui apenas me tornar o palhaço esfarrapado da foto acima. Ninguém sequer entrou na minha loja. Ninguém se interessou pelo que eu ofereci com tanto idealismo e confiança. Então, quando os homens vieram foi para levar tudo embora. Pouco a pouco fui entregando meus pertences para tentar me livrar das contas, ainda com esperanças de que eu poderia salvar o negócio, que iam perceber mais cedo ou mais tarde o valor do que eu oferecia. 

O golpe final veio quando finalmente os credores conseguiram arrancar de mim o coração. E sem ele, nem eu, amigo, acreditava mais nas coisas que vendia. Fui à bancarrota. Agora caminho pelas ruas, este palhaço moribundo que você está vendo, oferecendo nos sinais os estilhaços da única coisa que me sobrou. Pedaços de solidão, arrancados com as próprias mãos e caramelizado em meu pranto inútil. É o que eu estou usando para pagar os meus tragos e goles pela madrugada ressentida. Estou tentando guardar algum para um dia recuperar o meu coração. O vazio dói demais, nenhum palhaço é feliz sem o coração batendo. Sem reencontrar a alegria de viver, o que restará a mim?

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